sexta-feira, 4 de julho de 2008

As férias do Carlos



Estou de férias e tudo me esquece,
estou de férias e o meu cérebro carece.
Estou de férias e estou parado.
Estou parado, mesmo contigo ao meu lado.

Estou parado e sinto-me a regredir.
Tento mexer-me mas não me estou a sentir.

Não sinto os pés, não sinto as mãos.
Não sinto a cabeça nem a mente.
Não sinto o mundo, não sinto as pessoas...
Não te sinto a ti,
Nem me sinto a mim!

Dizem que aqueles que morrem nunca recuperam.

Estarei morto?
Viver não pode ser assim.

Nunca vivi, por isso não sinto.
Nunca soube qual a sensação
De estar vivo ou morto.

Mas isto não pode ser!

Sinto-me morto, mas penso.
Penso, mas não me sinto vivo.

Que posso dizer?
Estarei Vivo?
Estarei morto?
A Mim parece-me que devia haver um meio-termo entre estes dois estados.

Não temos de estar vivos ou mortos.
Não necessariamente.
Para me sentir Eu não me interessa saber.
Esse Eu pode estar vivo ou morto.
Não pode é deixar de ser um Eu de outro que imaginei.

Estas férias apagam-me.
A mim, o Eu morto, a mim o Eu vivo e ao outro,
este último que tenho imaginado.
Desde sempre, posso dizer,
duarante toda a minha existência.

Mas pode não ser existência.
Não estar num estado de ser vivo ou de ser morto.

Será isso existir?

1 comentário:

ninguem disse...

Assustei me mal acabei de ler este texto... não é que isto se está a passar comigo neste exacto momento?! - pois eu e talvez meio milhão de portugueses.

Gostei do blog, quando tiver (mais) tempo comento mais posts

fica bem